Recentemente demos uma entrevista para a revista Fórum com declarações sobre o novo momento da música, do mercado e dos modelos de negócio nesta área… Com o intuito de esclarecer nosso público, músicos, usuários da música em geral, sobre toda essa cadeia produtiva e suas ramificações, enfim…
O Teatro Mágico iniciou um movimento chamado MPB (Música para Baixar)! Movimento que se opõe a toda uma estrutura vigente atualmente no mercado que contempla a lógica do capital: Pagou, tocou! isso mesmo! simples assim… relação conhecida como “jabá” – crime que acaba censurando o artista local, independente e que muitas vezes não vê outra forma de mostrar seu trabalho a não ser no Rádio ou na TV!
Aliás… me diga, em qual outro meio de comunicação você espera ouvir música?
Qual o caminho para a nova geração de músicos? Correr atrás de uma gravadora qualquer? Ou daquele canal que se diz de música brasileira!? Como divulgar seu trabalho? E depois? Como se sustenta o grupo? Como fazer pra dar sobrevida às coisas todas que produzimos?
O MPB não quer dizer… “estou dando de graça, não valorizo, não me importo, estou abrindo mão dos meus direitos”… de maneira alguma!
É justamente o contrário! Você é dono da sua música, não mais a Editora da Gravadora X, Y ou Z! Você cria as licenças sob as quais você quer reger sua obra (Creative Commons), você é quem decide como, quando e o quê fazer com todo seu material!
Buscamos transparência junto ao Ecad (orgão que recolhe dinheiro pela execução de uma música) que repassa tudo o que é arrecadado para as 600 músicas mais tocadas no rádio! OPA! Mas perai… eu não toco no rádio! eu não pago jabá!? e agora?
Ou seja, mesmo que sua música toque no rádio (um pouco), o retorno disso não vem pra voce… vai para as 600 mais tocadas! e quais são as mais tocadas? as que pagam JABÁ! pronto. fechamos o ciclo da panela toda!
É sabido, que atualmente, as gravadoras não investem mais como antes em grupos novos (do zero!), justamente pela possibilidade e variedade de música que o cidadão comum pode encontrar na net e consumir a vontade! Eles buscam bandas que já tenham certo público, uma carreira mínima, uma relação interessada com a música! e passam o resto do tempo investindo milhões em publicidade, em programações diárias pra fazer você (ouvinte) acreditar que aquilo que esta passando é de fato “vontade do povo”! Isto não é justo, não é democrático e não é transparente… a música livre sim! Você ouve se quiser, baixa se quiser, divulga se quiser! Parafraseando Pena Schmicht: “O que irá prevalecer a partir de agora é o talento!” e não mais o investimento! Não dá pra enganar o público tanto assim com tanta informação acessível a todos! Tiramos a mascara do carrasco que insiste em vestir a carapuça de novo! Chega!
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De ontem pra hoje rolou uma discussão interessante via Twitter. O produtor Rick Bonadio (Titãs, NX Zero, Charlie Brown Jr.) foi na linha de defesa do valor da música – é terminantemente contra dar música de graça. Fernando Anitelli, músico do Teatro Mágico, defendeu a troca de músicas, a internet e a independência. Claro que muita gente (com e sem razão) criticou o Bonadio.
Abaixo seguem algumas opiniões/questões levantadas na discussão, da qual participaram artistas, fãs e pessoas ligadas à produção musical. Não foi um debate promovido por uma entidade nem nada disso. Foi uma discussão espontânea via Twitter. Coisas interessantes foram ditas:
“o demonio nao é ser major, mas sim falta de atitude e culhões. falta de amor a arte, ao rock.” (ZonaPunk)
“nem chamar o publico de espertalhão sem cultura! Somos uma geração criando soluções e possibilidades.. é isto que buscamos!” (Fernando Anitelli, músico do Teatro Mágico)
“o artista tem uma respons social! se o projeto ta dando certo tem que mostrar o caminho das pedras pra outros!” (Fernando Anitelli)
“é mostrar uma possibiidde de fazer musica sem depender do radio, da tv, da gravadora.. é um “Por que não?” (Fernando Anitelli)
“é importante que o público fique informado sobre todas estas discussões… é necessário entendermos a cadeia produtiva da música!” (Fernando Anitelli)
“todo conteudo do TM é gratuito, e não me acho estúpido, tenha certeza disso… é por acreditar no acesso livre à cultura!” (Fernando Anitelli)
“Não é escasso porque a internet é uma máquina de cópias gratuitas. Vender a gravação não pode mais ser o foco do nosso negócio” (Leoni, músico)
“Mas como cobrar por algo que não é escasso? E quem baixa de graça? É criminoso? Eu não acho” (Leoni, músico)
“pra mim tocar em rádios hoje não quer dizer muito, trabalho em uma e vejo que cada dia mais o jabá não significa muito” (Bruno Raphael)
A Deckdisc foi citada como exemplo de que os independentes podem chegar lá e de que dar música de graça não desvaloriza o artista. Há muitos artistas que liberam sua música concentrando sua fonte de renda em shows, por exemplo. Será a saída? A única? Por outro lado, dá para negar a transição pela qual o mercado musical e a indústria do entretenimento passam atualmente?
domingo, 20 de dezembro de 2009
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"Compartilhamento de arquivos de música na internet", realmente este assunto ainda vai gerar muita discussão, mas prefiro ficar do lado das pessôas que defendem este compartilhamento.
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